Salles diz que agro precisa ‘entrar na briga’ com comunicação agressiva

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O deputado federal (Novo-SP) e ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o agronegócio brasileiro precisa investir urgentemente em uma comunicação profissional e agressiva — tanto dentro quanto fora do país. Segundo ele, essa é a principal batalha do setor hoje: vencer a guerra da narrativa contra estigmas ideológicos e a concorrência desleal internacional.

“Eu acho que a comunicação é o ponto principal para a gente avançar. Se conseguirmos mostrar a realidade do agro de forma clara para o público brasileiro e estrangeiro, o Brasil vai deslanchar”, afirmou.

Para o parlamentar, muitos dos ataques ao setor partem de desconhecimento, especialmente nos grandes centros urbanos do Sudeste e em países europeus, onde, segundo ele, predomina uma imagem distorcida da produção rural no Brasil.

Salles também comparou a postura do Brasil com a de países concorrentes, como os Estados Unidos, que investem pesadamente em marketing institucional.

“A Associação dos Produtores de Carne nos Estados Unidos gasta fortunas na Europa para mostrar seu produto. Setores como o algodão, o etanol de milho, todos têm campanhas publicitárias permanentes no exterior. Aqui, estamos engatinhando nesse trabalho”, criticou.

Na visão do ex-ministro, o problema central está na falta de investimento estratégico em comunicação por parte do setor.

“O agro precisa sair do improviso. Não adianta contratar o parente que faz site ou tirou diploma de jornalismo. Precisamos de campanhas sérias, com profissionais experientes, como qualquer grande setor da economia faria”, defendeu.

Salles ressaltou que o agronegócio tem recursos e influência suficientes para liderar esse movimento, mas falta organização e vontade política. Ele citou o episódio em que uma grande marca de cerveja lançou uma campanha “segunda sem carne” e, em resposta, produtores e consumidores organizaram um boicote instantâneo nas redes sociais.

“No dia seguinte, a campanha da cerveja acabou. Ou seja, força nós temos. Basta querer.”

Imagem distorcida lá fora

Além das críticas internas, o ex-ministro apontou que o Brasil sofre pressões externas injustas, principalmente por parte de países que são concorrentes diretos na produção de alimentos, mas que não têm o mesmo compromisso ambiental que o Brasil.

“O produtor americano, por exemplo, não tem nenhuma obrigação de manter reserva legal. Aqui, temos um Código Florestal extremamente rígido e 66% da vegetação nativa preservada — boa parte dentro das próprias propriedades rurais”, comparou.

Salles disse que muitos países posam de defensores do meio ambiente, mas preservam apenas áreas impróprias para cultivo.

“Nos Estados Unidos, só preservam onde não dá para plantar: deserto, penhasco, áreas rochosas. E ainda nos acusam. Temos que enfrentar essa hipocrisia com inteligência e profissionalismo”, reforçou.

Para Salles, o agronegócio brasileiro já venceu os desafios de produtividade e sustentabilidade. Agora, precisa vencer na comunicação.

“Já superamos o desafio de produzir com respeito ao meio ambiente. O próximo passo é superar o desafio da narrativa. É hora de entrar nessa briga de forma profissional. O mundo precisa saber quem realmente é o agro brasileiro”, concluiu.

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