O vice-prefeito de Várzea Grande, Tião da Zaeli (PL), afirmou que o Departamento de Água e Esgoto (DAE) é o maior desafio enfrentado pela atual administração e defendeu mudanças urgentes na forma de gestão do órgão. Segundo ele, o modelo atual, sob controle do poder público, é ineficiente e insustentável.
“Temos que ser humildade e entender que o DAE, na gestão pública, não vai funcionar. Não vai funcionar”, declarou Zaeli, em entrevista. Ele comparou a realidade do município com a de outras cidades do estado e disse que a arrecadação do departamento é “inadmissível”. “É inaceitável você aceitar Rondonópolis, com 100 mil pessoas a menos, arrecadar três vezes mais do que o DAE arrecada”, pontuou.
Tião foi designado pela prefeita Flávia Moretti (PL) para atuar diretamente no comando do DAE, que começou o ano enfrentando sérios problemas relacionados à falta de água em diversos bairros da cidade. A crise resultou em protestos.
A estrutura precária do DAE, a baixa capacidade de investimento e a defasagem na arrecadação têm sido apontadas como entraves históricos. Tião reconhece as dificuldades e afirma que tem se dedicado integralmente ao setor. “Tenho o compromisso com a prefeita de estar à frente do DAE, usando meu tempo e minha experiência para que a gente avance nessa questão”, destacou.
Apesar de terem sido eleitos com a bandeira da privatização dos serviços de água e esgoto, até o momento não houve avanço concreto em relação ao tema. Questionado sobre o processo de articulação política da prefeita com vereadores, Tião afirmou que não participa dessa frente e que sua prioridade é exclusiva ao DAE. “Vou me ater a queimar minhas energias lá no DAE. A articulação política tem que ficar com o gabinete, para que ela [Flávia] tenha condições de avançar com os projetos que precisa”, disse.
Nos bastidores, o DAE é apontado como obstáculo para a aprovação da gestão Flávia Moretti, até porque o discurso de acabar com o problema da água foi seu principal argumento para convencer a população várzea-grandense. A expectativa é de que o Executivo apresente, nos próximos meses, medidas concretas para reestruturar o órgão — seja por meio de uma reforma administrativa, de parceria público-privada ou da tão debatida concessão.