Mesmo diante de uma série de críticas, o governador Mauro Mendes (União) reforçou sua ideia polêmica para zerar o desmate ilegal em Mato Grosso: confisco de terras dos infratores. A medida, segundo o gestor estadual, inibiria a ações irregulares e favoreceria 98% de proprietários de terra do Estado que não desmatam ilegalmente, visto que o dinheiro gasto sobre os impactos do desmate poderia ser investido em Saúde e Educação. Somado a isso, criticou os opositores da ideia.
Em evento realizado na manhã desta quinta-feira (27), o governador anunciou o investimento de R$ 125 milhões para combater incêndios florestais e desmatamento ilegal em 2025.
“Já pensou se não tivesse ninguém praticando crime de desmatamento ilegal e de incêndios criminosos em Mato Grosso? Você acha que precisaria estar jogando R$ 125 milhões nesse programa, podemos pegar esse dinheiro e colocar em saúde, em escola, em estradas, fazer tantas coisas para todos nós, o cidadão de bem do Estado”, declarou.
Sobre as críticas, o governador afirmou já ter conversado com várias autoridades sobre o assunto e até mesmo com produtores rurais que acreditam na medida. Por isso, questiona quem tenha posicionamentos contrários à sugestão drástica.
“Noventa e oito por cento dos mato-grossenses (donos de terra) estão agindo dentro da legalidade e eles estão sofrendo as consequências. Agora, como tem 2% que pratica crime e tem gente que está defendendo isso, o direito de continuar praticando crime, e não acontecer nada. Aí é difícil, né?”.
Dentre os que não aprovam a alternativa está o deputado estadual Gilberto Cattani (PL), que inclusive apresentou uma moção de repúdio na Assembleia Legislativa contra as falas do governador. Mauro preferiu não comentar a ação do parlamentar por considerar que a discussão precisaria estar em um “nível mais alto”.
“Vamos botar essa discussão num nível mais alto. O cara fala uma coisa e eu comento. Estou dando uma posição técnica, clara e objetiva. Senhores, eu não vou ficar fazendo comentários sobre deputado, pessoa ‘A’ ou pessoa ‘B’. Eu tenho que estar exercendo na amplitude, dimensão do cargo que foi confiado a mim pelo povo de Mato Grosso”, finalizou o assunto.
Cattani
Na quarta-feira, o deputado Gilberto Cattani (PL) voltou a tocar no assunto, na Assembleia Legislativa. O parlamentar afirmou a necessidade de se combater o desmatamento ilegal, porém, não tirando terra de produtores rurais. Ainda desqualificou o tabalho dos agentes de fiscalização que autuam os desmatadores.
“Desmatamento ilegal é crime e tem que ser punido, e tem legislação pra isso. Nós temos mais de 90% de produtores que são autuados. E quem decide que matou ilegalmente, quem decide quem queimou ilegalmente? Porque a peça também fala sobre queimadas. Quem decide isso é uma pessoa com uma caderneta na mão. Então, não podemos aceitar isso”.