Faccionados são condenados pelo júri a 65 anos de prisão por morte de homem após ‘salve’

65 0

Moacir Peixoto Soares da Silva e Wilton Rodrigues Galvão foram condenados pelo Tribunal do Júri de Cuiabá a penas que somadas ultrapassam 65 anos de prisão, pelo homicídio de Edilson Rodrigues de Souza e tentativa de homicídio de L.J.S., ocorridos no ano de 2022. Os réus são faccionados e aplicaram um “salve” (punição por parte de facções criminosas) nas vítimas.

O crime ocorreu na madrugada do dia 19 para o dia 20 de outubro de 2022, mas o julgamento só foi realizado na manhã dessa terça-feira (18).

Na ocasião o Conselho de Sentença reconheceu a materialidade do crime e autoria atribuída aos réus. Reconheceu também que o crime foi cometido por motivo torpe, com emprego de tortura e com recurso que dificultou a defesa das vítimas.

Ao calcular a pena a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, destacou que a dupla integra a facção criminosa Comando Vermelho, além de que Moacir cumpria pena em regime semiaberto, com uso de tornozeleira, e isso não o impediu de praticar o crime, enquanto Wilton cumpria pena em Livramento Condicional.

“O crime foi praticado com desígnio e premeditação, extrema frieza e violência, a mando de facção criminosa, como descrito na inicial acusatória, por justiciamento e punição conhecida como ‘salve’. (…) Faz parte da organização criminosa (…) integrada por indivíduos inescrupulosos que, assim como ele, causam medo e aterrorizam as pessoas de bem, agindo com atos de extrema violência, impondo regras de conduta à população, como se fosse um ‘poder paralelo’”.

A pena de Moacir Peixoto Soares da Silva foi definida em 34 anos, um mês e 15 dias de prisão em regime fechado, e a de Wilton Rodrigues Galvão ficou em 31 anos de prisão em regime fechado. Eles não têm o direito de recorrer da sentença em liberdade.

O caso
Na noite do dia 19 os suspeitos viram Edilson atear fogo na casa de uma mulher. A vítima foi perseguida e espancada na rua. Ao passarem em frente a um bar, a vítima L.J.S. perguntou o motivo de estarem agredindo Edilson, mas acabou sendo detido pelos suspeitos também, sob a acusação de ter ajudado a incendiar a casa.

Os dois homens foram espancados com pedaços de madeira, chutes e socos durante boa parte da noite enquanto os suspeitos aguardavam a decisão da liderança do Comando Vermelho sobre o que fazer com eles.

Já pela manhã os líderes da facção mandaram soltar a vítima L.J.S., pois não tinha nada a ver com o incêndio, mas Edilson permaneceu no local sendo espancado.

A vítima que escapou conseguiu se arrastar até a uma rua onde obteve ajuda para ser levada ao hospital. O homem ficou cerca de 20 dias sob cuidados médicos e teve que se alimentar apenas com líquidos por 30 dias.

Já Edilson, que continuou sendo agredido, foi depois deixado às margens do córrego para morrer. Ele chegou a ser socorrido ao Hospital Municipal de Cuiabá, mas não resistiu e morreu horas depois.

Post Relacionado

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: