“O Estado não pode ser responsável pelas atitudes dos seus membros”, declarou o procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Rodrigo Fonseca Costa, ao se manifestar sobre a ‘Operação Office Crimes – A Outra Face’. A ação da Polícia Civil foi deflagrada na quinta-feira (6) e teve como alvos cinco policiais militares, investigados pela morte do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), Renato Gomes Nery.
A manifestação do procurador ocorreu na sexta-feira (7), um dia após a prisão dos servidores do Estado. O chefe da PGJ defendeu que qualquer membro que errar tem que ser punido, não a instituição.
Na ocasião, Rodrigo explicou que existe um processo legal, que é do Estado Democrático de Direito, ao justificar sobre o porque de os investigados ainda estarem atuando nas ruas.
“Enquanto a pessoa ainda não é condenada, ela tem a presunção de inocência. Se não há ou se aquele afastamento cautelar não perdura durante todo o processo, a pessoa volta a exercer suas funções. É óbvio que o Estado muitas vezes não tem esse controle se a pessoa continuar errando, que é muito grave. Mas, diante de uma medida cautelar, às vezes o processo demora muito, a medida cautelar normalmente vai ser revogada… Agora, com a reinteração, provavelmente se tomará mais cuidado em relação à cautelar”, argumentou .
O gestor também descartou que existe possibilidade de haver um critério maior nos órgãos públicos nas seleções de servidores.
“Toda a boa-fé é presumida. Quando você traz para o Ministério Público ou Judiciário, você traz uma quantidade de policiais e presume-se que são bons policiais, que não tem nada contra eles. Então, não tem como prever o que a pessoa vai fazer no futuro. Seria quase um exercício de ‘futurologia’… Se até ali ela não teve problemas, você vai trazer ela para dentro da instituição”, disse.
O governador Mauro Mendes (União) e o secretário de Segurança Pública, coronel César Roveri, também se pronunciaram sobre o envolvimento dos militares no homicídio do jurista. Ambos negaram vazamento de informações sobre a investigação. Isso porque, um dia antes da deflagração, um dos alvos, que era segurança do governador Mauro Mendes, (União), Wailson Alessandro, foi exonerado do posto.