O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) criticou a medida adotada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) mais de uma vez, de suspender o pronto-atendimento pediátrico do Hospital Santa Casa, em Cuiabá. Conforme o legislador, a solução para a superlotação no local e em demais unidades de saúde municipais está na parceria da prefeitura da Capital com o Estado, a fim de desenvolver sistemas de triagem mais eficazes e contratar pessoal de forma emergencial, com aporte de recursos do governo para conter o surto de casos de arboviroses neste início do ano.
Pela imprensa, na manhã desta quinta-feira (27), o parlamentar foi questionado se concordava com a medida adotada pela gestão estadual de fechar o PA da unidade, que é tida como referência pediátrica regional. Na opinião do médico sanitarista, a unidade deve permanecer como referência para dar fôlego às Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) e policlínicas, que também estão com demanda elevada no atendimento da população adulta.
“De forma alguma. Especialmente pelo cenário que a gente está vivendo de uma crise na saúde pública aqui, em Cuiabá, com a epidemia de arboviroses que atingem crianças. E crianças menores de dois anos têm um risco alto pra desenvolver formas graves de dengue, de chikungunya, zika vírus. (…) O que, além do PA da Santa Casa, precisa é dar condições às policlínicas e às UPAs para fazer pronto-atendimento em pediatria, para que a população possa buscar outros serviços, e a Santa Casa ser parte de uma rede de atendimento em pediatria”.
Ocorre que, ainda na terça-feira (25), os atendimentos na Santa Casa foram suspensos pela segunda vez em menos de uma semana. O hospital é mantido pela Secretaria de Estado de Saúde, que justificou a medida “para assegurar um bom atendimento às pessoas que já aguardam na recepção e para não colocar em risco novos pacientes que chegam ao local”.
Lúdio defendeu uma parceria entre o Governo de Mato Grosso e a Prefeitura de Cuiabá para a criação de centros de atendimento regionais, criação de tendas de triagem, contratação de pessoal.
“Por exemplo, utilizar alguns centros de saúde que não são PSF e que têm uma capacidade maior para realizar atendimento, lotar profissionais nessas unidades. Tô falando do Tijucal, do Quilombo, do CPA3, de unidades que podem também atender na forma de pronto-atendimento. E, além disso, uma estratégia que outros lugares já fizeram, é você instalar tendas de triagem e de hidratação para atendimento específico de arboviroses nas regiões da cidade onde haja uma incidência mais elevada”, declarou.
“A responsabilidade tem que ser compartilhada entre prefeitura e Estado. Não tem sentido esse jogo de empurra-empurra entre Estado e município. (…) Os dois têm que sentar à mesa e pensar junto a solução para os problemas. Então, o PA da Santa Casa tem que continuar funcionando, porque ele é uma porta aberta para atendimento de urgência em pediatria. Se o município está com dificuldade financeira, o Estado tem todas as condições de aportar recursos financeiros para o município. É possível se organizar uma força-tarefa para contratar profissionais”.
O deputado explicou que a sugestão já foi proposta pela Comissão de Saúde da Casa de Leis à secretária Lúcia Helena Sampaio, de Cuiabá, e a Gilberto Figueiredo, à frente da SES. “Nós já propusemos essa semana. Agora, nós nos reunimos na comissão e já propusemos uma agenda de diálogo entre Estado e município para a solução disso. Nosso presidente Paulo Araújo, inclusive, teve uma reunião com a Secretaria de Estado de Saúde e a Secretaria Municipal para tratar dessa situação”.