O plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu pela instauração de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para investigar conduta do juiz Wladymir Perri, na condução do processo referente ao assassinato do advogado Roberto Zampieri. A vítima foi assassinada no dia 5 de dezembro de 2023, em frente ao escritório em que atuava, no Bosque da Saúde, em Cuiabá.
O magistrado foi denunciado ao CNJ por suposto desvio de conduta e violação do celular do falecido, que foi periciado e passou a ser chamado de “celular bomba”, por conter diálogos com outros advogados, juízes e desembargadores que estariam envolvidos em esquema de venda de sentenças. Tais informações atingem até ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Conforme o CNJ, a decisão pela abertura do PAD foi tomada durante a 16.ª Sessão Ordinária de 2024, nesta terça-feira (10), seguindo do corregedor nacional de Justiça, ministro Campbell Marques.
Ao analisar os documentos do processo, Campbell afirmou que havia indícios de desvio funcional do magistrado, por supostas irregularidades na condução do inquérito policial que investiga o assassinato do advogado Roberto Zampieri.
O corregedor detalhou a sequência dos fatos que levaram à abertura do PAD, de acordo com os registros do TJMT. Entre as irregularidades cometidas pelo juiz, Campbell Marques destacou o fato de o magistrado ter confiscado o celular da vítima e negado às partes o acesso ao material. O juiz também teria violado lacres de envelopes sem o acompanhamento da defesa.
O corregedor considerou que as atitudes do magistrado foram graves e, por isso, merecem apuração dos fatos. Ele alegou que “há indícios de quebra de custódia de provas” sobre o investigado. Em sua defesa, o magistrado teria afirmado que recolheu as provas a pretexto de resguardar a identidade da vítima.