Por meio de nota, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) afirmou que irá cumprir seu papel de defender as prerrogativas dos advogados no âmbito da Operação Office Crime, deflagrada na manhã desta quinta-feira (28) para investigar o assassinato do ex-presidente da OAB MT Renato Nery. No caso, um dos alvos da operação é Antônio João Carvalho Junior, que já havia sido denunciado por Nery à OAB. O órgão também disse que tem cobrado a resolução da investigação sobre a morte de Nery.
Renato Nery, 18 dias antes de ser morto com um tiro na cabeça, havia ingressado com uma representação disciplinar contra um advogado, denunciando irregularidade em uma disputa judicial de terra com interferência de desembargadores.
O documento protocolado e direcionado à presidente da Ordem, Gisela Cardoso, não ganhou atenção da diretoria da OAB, e só voltou à tona após o atentado, quando foi entregue ao delegado responsável pelas investigações.
Antônio João de Carvalho Júnior, então, foi alvo da Polícia Civil na operação de hoje (28), mas não preso. Houve apenas mandados de busca e apreensão contra ele. A OAB se manifestou em nota afirmando que vinha cobrando a elucidação do homicídio de Nery e que irá cumprir seu papel de defender as prerrogativas dos advogados.
Leia a nota na íntegra:
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) acompanha a Operação Office Crime, deflagrada pela Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC-MT) nesta quinta-feira (28) tendo como alvo advogados e empresários suspeitos de terem envolvimento na morte do advogado e ex-presidente da OAB-MT, Renato Nery, ocorrida em 6 de julho deste ano.
Nestes quase cinco meses de investigação, a OAB-MT não hesitou em cobrar as autoridades policiais, a quem compete investigar e elucidar o crime, e de acompanhar toda a apuração deste caso.
A OAB-MT continuará a cumprir seu papel intransigente de defesa das prerrogativas e a incessante busca pela elucidação do crime contra a vida do Dr. Renato Nery.
Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT)
A representação
No documento, Nery relatou que foi contratado por Manoel Cruz Fernandes para trabalhar em uma ação de reintegração de posse de uma área de 12.413 hectares na região do Projeto Itaquerê, da qual Manoel possuía uma escritura de cessão de direitos possessórios. O processo, de quase 40 anos, tramita na comarca de Novo São Joaquim.
Em outubro de 1992, a Justiça determinou a devolução de 7.413 hectares a Manoel. Porém, por conta da demora, a área já estava tomada por posseiros e Fernandes não tinha condições de custear a desocupação ou quitar os honorários advocatícios de Renato Nery. Por causa disso, em novembro de 2001 Manoel entregou uma área de 2.579 hectares ao advogado como pagamento pelo que devia. Também foi cedida parte da terra a Luiz Carlos Salesse. A partir daí Nery passou a atuar em busca de seus honorários.
Até este período a ação tramitava, apesar de lenta, de forma tranquila, rumo a uma solução definitiva. Entretanto, surgiu então a figura do advogado Antônio João de Carvalho Júnior, que representava a viúva de Manoel. Ele entrou com uma ação de nulidade das cessões para reaver as terras cedidas a Renato e Luiz.
Nery então acusou Antônio de se aliar a um “exército de malfeitores” e utilizar “elementos de prova temerários” nas ações contra ele. Neste grupo estariam magistrados, um filho de desembargador, assim como indivíduos de fora do Poder Judiciário.