Após uma semana entre os assuntos mais comentados e com vendas de carnes suspensas no Brasil, a empresa Carrefour se desculpou com pecuaristas brasileiros e tanta selar a paz. Para o governador Mauro Mendes (União) a retratação coloca um fim à tensão na relação comercial com o grupo, mas também serve de “recado” para que outras empresas tenham mais respeito ao produto brasileiro e ponderem suas declarações.
Na quinta-feira (21) o grupo Carrefour, do qual a rede Atacadão faz parte, disse que suas unidades na França não iriam mais comercializar carne bonina brasileira. Na oportunidade, o CEO do grupo, Alexandre Bompard disse que não compraria o produto do Mercosul e colocava em dúvida a qualidade do produto. Mas o que tem por trás da medida é a pressão dos produtores franceses, que temem prejuízo com o livre comércio entre a União Europeia e os países latinos.
Na segunda-feira (25), diante a reação brasileira e falta de carne os supermercados, o CEO repensou a declaração e se desculpou.
“Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas”, escreveu o CEO em carta encaminhada ao governo brasileiro.
Em entrevista na tarde desta terça, o governador comentou o pedido. Para ele, é possível retomar as comercializações, mas o agronegócio exige respeito devido.
“Superando essa polêmica causada pelo CEO do Carrefour, que fez um lamentável e infeliz comentário e que teve que agora retroceder, repondo a verdade e o respeito ao nosso país e ao agro brasileiro, que é o maior exportador de alimentos do planeta. Não poderíamos jamais permiti que alguém nos tratasse com tamanho desrespeito sem que tivesse uma reação a altura”, declarou Mendes.
O volume de exportação de carne para a França é pequeno, cerca de 0,01% do total, e a suspensão não impactaria nas vendas ao produtor. Porém, o ponto de indignação de apolíticos, autoridades públicas e de associação de produtores foi quanto ao questionamento da excelência do produto.
“A forma com que ele se dirigiu aos produtos colocou em xeque a qualidade do produto brasileiro, que é considerado um dos melhores do mundo. Se ele quer comprar de A, de B ou de C, ele tem todo o direito, mas não tem direito nenhum de se referir ao Brasil e ao nosso setor da forma com que ele fez”, argumentou o governador. “O reconhecimento público e o pedido de desculpas pode colocar, sim, um ponto final nisso e, a partir de agora, muitas empresas vão entender que têm que nos tratar com o devido respeito”, frisou.