O vereador Paulo Henrique (MDB) tentou ludibriar as investigações da Polícia Federal utilizando mensagens temporárias no celular, prática que dificulta o rastreamento de suas conversas. Aparelhos, apreendidos nas Operações Ragnatela e Pubblicare, mostram que várias conversas com investigados foram apagadas.
“A prática de mensagens temporárias no WhatsApp reforça a tentativa deliberada de Paulo Henrique de ocultar comunicações, dificultando o acesso a provas diretas de suas atividades ilícitas”, afirma a denúncia.
O vereador, José Márcio Ambrósio Vieira, José Maria de Assunção, Rodrigo Anderson de Arruda Rosa e Ronnei Antonio Souza da Silva se tornaram réus por organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, pelo juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, que aceitou a denúncia do Gaeco. O juiz observou que a ausência de conversas não exclui a ligação do parlamentar com os demais envolvidos, mas indica uma medida para evitar o rastreamento de suas interações.
O vereador é acusado de facilitar atividades do Comando Vermelho em troca de benefícios. Documentos indicam que, além de manter relações com membros da facção, como Joadir (“Jogador”) e William Gordão, Paulo Henrique teria usado seu cargo para direcionar fiscalizações e liberar alvarás e licenças para eventos sem a documentação necessária. Há evidências de que ele influenciou e pressionou autoridades para autorizar eventos potencialmente ilegais.
Dentre as conversas excluídas estão os áudios também enviados a outro réu, o Ronnei. Consta no documento que parte da “analise foi comprometida, uma vez que a maioria dos áudios se encontra indisponível, tendo sido excluída do armazenamento interno do telefone, o que inviabilizou sua transcrição.
O inquérito detalha que o vereador teria interferido na escolha de fiscais que favorecessem interesses do grupo criminoso, sugerindo significativa influência política. Benefícios financeiros e materiais recebidos por ele incluiriam pagamentos e vantagens financeiras via transações bancárias e recursos do Sindicato para despesas pessoais.
“Além disso, seu envolvimento na aquisição de bens em nome de terceiros para ocultar a propriedade real e suas ligações com agentes públicos, que teriam atuado em benefício do grupo criminoso, reforçam as suspeitas sobre o parlamentar”, conclui o documento.